DEUS NO CENTRO ESPÍRITA
NECESSIDADE DA IDÉIA DE DEUS.
(Transcrito do livro - O grande enigma de Léon Denis - Cap. V )
NECESSIDADE DA IDÉIA DE DEUS.
(Transcrito do livro - O grande enigma de Léon Denis - Cap. V )
Desde a organização do mais pequenino inseto e da mais insignificante semente, até a lei que rege os mundos que circulam no espaço, tudo atesta uma idéia diretora, uma combinação, uma previdência, uma solicitude que ultrapassam todas as combinações humanas. A causa é Deus, causa primária.
A necessidade da idéia de Deus se afirma e se impõe, fora e acima de todos os sistemas, de todas as filosofias, de todas as crenças. É também livre de todo o liame com qualquer religião, a cujo estudo nos entreguemos, na independência absoluta de nosso pensamento e de nossa consciência. Deus é maior que todas as teorias e todos os sistemas. Eis a razão por que não pode O ser atingido, nem minorado pelos erros e faltas que os homens têm cometido em seu nome. Deus é soberano a tudo. O Ser divino escapa a toda a denominação e a qualquer medida, e, se lhe chamamos Deus, é por falta de um nome maior, assim o disse Victor Hugo.
A questão de Deus é o mais grave de todos os problemas suspensos sobre nossas cabeças e cuja solução se liga, de maneira estrita, imperiosa, ao problema do ser humano e de seu destino, ao problema da vida individual e da vida social. O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida é o que há de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. E esta verdade não é inacessível, como veremos; é simples e clara; está ao alcance de todos. Basta procurá-la, sem preconceitos, sem reservas, ao lado da consciência e da razão.
Para elucidar tal assunto, temos agora recursos mais elevados que os do pensamento humano; temos o ensino daqueles que deixaram a Terra, a apreciação das Almas que, tendo franqueado o túmulo, nos fazem ouvir, do fundo do mundo invisível, seus conselhos, seus apelos, suas exortações. Ora, que dizem esses Espíritos sobre a questão de Deus? A existência da Potência Suprema é afirmada por todos os Espíritos elevados. Aqueles, dentre nós, que têm estudado o Espiritismo filosófico, sabem que todos os grandes Espíritos, todos aqueles cujos ensinamentos têm reconfortado as nossas almas, mitigado nossas misérias, sustentado nossos desfalecimentos, são unânimes em afirmar, em repetir, em reconhecer a alta Inteligência que governa os seres e os mundos. Eles dizem que essa Inteligência se revela mais brilhante e mais sublime à medida que se escalam os degraus da vida espiritual.
DEUS NO CENTRO ESPÍRITA
(Transcrito do livro - O centro espírita de J. Herculano Pires - Cap. V)
Deus não pede licença a ninguém para estar em toda parte e em tudo, segundo o próprio dogma da Onipresença Divina, sustentado pelas Igrejas. No centro do Universo está Deus, não em figura mas em realidade, pois se Deus é o Todo em Essência e tudo provém dele, tudo pertence a Ele, tudo é Ele e Ele dirige e governa tudo, é evidente que o Centro Espírita, onde tudo se faz em nome de Deus, não pode estar sem Deus. O ateísmo cristão nos deixa em dificuldades e só temos um jeito de buscar Deus: no Centro Espírita. Porque somente ali, na antiga morada do Diabo, não se acredita que Deus morreu e se continua a falar em seu nome. Porque ali se sabe e se prova, diariamente, através dos processos Kardecianos, que nem o homem morre, quanto mais Deus. A onipotência e a onipresença de Deus são dois mistérios teológicos admitidos por quase todas as religiões. Por que só pode existir um Deus, único e soberano.
É assim que a realidade cósmica, não acessível à inspeção completa do homem, fica ao seu alcance graças à estrutura de leis regulares e universais, que lhe facultam as ligações necessárias a uma visão geral do Universo. Deus é o poder gerador e mantenedor dessa realidade sem limites, e o conceito de infinito, vaga suposição da Antigüidade, se torna positivo pela revelação da unidade orgânica e necessariamente orgânica do Cosmos. Note-se bem: unidade orgânica, semelhante à da nossa estrutura, que é una apesar da multiplicidade dos seus órgãos e membros, porque todos eles pertencem a um organismo único. Da mesma maneira, a unidade orgânica do Cosmos deriva de sua centralização em Deus, que mantém a unidade infinita através da subordinação de todas as galáxias ou constelações de mundos, espaços etéreos aparentemente vazios, mas cheios de força e plasma cósmicos, tudo formando o organismo único. Não seria isso uma ilusão? Os que consideram o Universo como finito e fechado sobre si mesmo dizem que sim. Mas Kardec, já no século passado, antes das conquistas científicas do nosso século, propôs uma teoria que hoje tem a sanção de novas descobertas. Por mais que tentemos dar ao Universo um limite, lembrou ele, por mais que avancemos em nossa imaginação, sempre estaremos em face de espaços que se desenrolam além. Essa prova psicológica da infinitude (baseada ao mesmo tempo em psicologia e lógica) tem hoje a comprovação das conquistas parapsicológicas, que revelam a existência em nós de um poder também sem limites, que é da percepção extrasensorial de realidades que escapam aos nossos sentidos físicos. Não se trata de simples intuição, mas de captação de realidades que estão fora do alcance dos nossos sentidos e dos nossos instrumentos. O homem sente e intui que o Universo é infinito. A percepção extrasensorial, fundada em suas potencialidades inconscientes, continua a dizer-lhe que, para as dimensões do Cosmos, não há limites.
No Centro Espírita a presença de Deus se faz sentir nas manifestações mediúnicas que derrubam as barreiras da morte, pelas declarações unânimes dos Espíritos Superiores, comprovadamente possuidores de conhecimentos muitos superiores aos nossos, pela revelação, comprovada através de pesquisas e experiências científicas de sábios eminentes do século passado e deste século, de que existem no homem potencialidades muito superiores às que ele revela quando encarnado, sujeito aos condicionamentos da vida carnal. Não se trata de dogmas estabelecidos por concílios de cegos supostamente divinos, mas de pesquisas objetivas e controladas pela metodologia científica. Deus não é uma hipótese, mas uma realidade comprovada pelo princípio científico segundo o qual, dos efeitos remontamos às causas. Deus é a fonte causal de toda a realidade. Kardec tirou desse princípio, por ilação lógica amparada pelos fatos, a lei espírita segundo a qual: Não há efeitos inteligentes sem causa inteligente, e a grandeza dos efeitos revela a grandeza da causa. Esse o raciocínio básico das provas espíritas da existência de Deus. Mas além disso a presença de Deus no Centro Espírita se comprova pelas manifestações dos seus mensageiros, os Espíritos Superiores a seu serviço por todo o infinito. Essas manifestações não são constantes e gratuitas, mas ocorrem de maneira inesperada e com finalidades certa. Mas é sobretudo no coração dos humildes que Deus se afirma como realidade viva e atuante, nas sessões de auxílios espirituais. Um coração angustiado de mãe que se alivia e alegra ao receber a visita do filho que parecia morto para sempre, numa comunicação mediúnica oral ou numa aparição pela vidência despertada na mãe. Numa comprovação pela aparição tangível ou materialização, como no caso famoso de Frederico Fígner e sua esposa, que, em Belém do Pará, através da mediunidade de Ana Prado, uma mulher humilde, tiveram a oportunidade de retomar sua filha Raquel novamente nos braços, sentá-la no colo e conversar com ela viva e alegre, que censurava a mãe por se trajar de luto. Numa aparição tangível da sua própria mãe, dada a um sábio famoso que combatia o Espiritismo como superstição infundada, como aconteceu com Césare Lombroso em sessão com a médium Eusápia Paladino, presidida pelo Prof. Chiaia, da Universidade de Milão. Lombroso abraçou a mãe, que falou com ele, e nos dias seguintes declarava num artigo de retratação, pela revista Ombra e Luce, daquela cidade: "Nenhum gigante da força e do pensamento poderia fazer para mim o que fez essa pobre mulher analfabeta arrancar minha mãe do túmulo e devolvê-la aos meus braços". Não eram aparições ocasionais, facilmente atribuíveis a fatores psicoemocionais, mas aparições provocadas em nome de Deus, em sessões experimentais em que o ingrediente Deus não havia sido desprezado. "Com a permissão de Deus", dizem sempre os espíritos agraciados com essas oportunidades de reencontro após a morte.
O Centro Espírita se caracteriza, assim, como o centro de comunicações com os que já deixaram a vida terrena, mas continuam vivos e ativos na outra face da vida. Nada se paga para falar com os mortos, os supostos mortos da nossa ignorância, porque os serviços de Deus são gratuitos desde o nascimento, que é um prodígio de Deus, até a morte, que é a graça de Deus libertando-nos da asfixia da carne, e além da morte, nas maravilhosas possibilidades das manifestações mediúnicas. Deus está no Centro Espírita em que as criaturas se reúnem de coração puro, confiantes no seu poder infinito. O preço da comunicação é geralmente o aparecimento do espírito ou dos que desejam reencontrá-lo. Os dirigentes de centros precisam meditar diariamente nas responsabilidades que assumem ao aceitar os seus cargos, que na verdade são encargos divinos. Deus não exige de nós mais do que podemos dar. Não quer que nos apresentemos a Ele e aos homens com as vestes nupciais da parábola, que ainda não possuímos. Não podemos enganá-Lo com sorriso de falsa bondade, de fraternidade fingida, escondendo nas moitas do coração selvagem a serpente da inveja, da intriga, da censura ao próximo, do julgamento desprezivo do irmão que se senta ao nosso lado. Não vemos Deus no Centro porque não temos condições para isso, mas podemos vê-Lo no semblante sincero e ingênuo e no coração puro dos que não alimentam vaidades e preconceitos negativos ao nosso redor. Deus não está ali, diante de nós, como um Ser visível e corporal. Ele impregna " o Centro, como impregna o recinto de todos os templos freqüentados por criaturas sem maldade e sem reservas. Mas podemos ver o seu rosto no semblante dos que se entregam com amor ao serviço do bem, tocar as suas mãos nas mãos sinceras e boas dos que nos amam sem restrições. E se os hipócritas nos cercam e nos olham com fingida amizade, podemos ser para eles a mensagem do amor e da sinceridade que flui de Deus para o nosso coração. Deus no Centro é Deus em nós, ajudando-nos a crescer com o fermento da fraternidade, que Ele pouco a pouco aumenta em nossa medida de farinha, na proporção em que a farinha do nosso egoísmo absorve o fermento e se transforma no pão que nos alimenta a alma.
Estas não são imagens líricas, mas a verdade espiritual trocadas em figuras e expressões de amor, como as que encontramos nos Evangelhos de Jesus. Não é o autor do livro que as produz, mas os Espíritos benevolentes que, em nome da fraternidade humana, as transmitem aos que desejam servir a si mesmo e ao próximo. Porque aqueles que desejam servir-se na mesa do bem, naturalmente repartem o seu pão com os irmãos famintos de bondade, como Jesus o fez com os apóstolos na estalagem da estrada de Emaús.
Deus no Centro não é a presença exclusiva para ninguém, mas presença inclusiva para todos, a todos incluídos em Seu chamado para a vida do espírito. Os que procurarem compreender e sentir a Sua presença no Centro a levarão consigo para casa. As pretensões de superioridade, o desejo egoísta de se impor aos demais, o ciúme corrosivo e o julgamento do próximo em nosso íntimo ou em nossa língua não nos deixa perceber a bondade de Deus. Os que se sacrificam para melhorar a Terra, dando de si o que podem e muitas vezes o que não podem esses fazem a Vontade de Deus. Os que batem a língua nos dentes para destilar venenos de serpente não podem perceber a presença de Deus no Centro e só percebem os espíritos malévolos e sofredores.