Transcrito do livro "O Centro Espírita" J. Herculano Pires capítulo VII
A evolução humana se processa no concreto em direção ao abstrato, o que vale dizer da matéria para o espírito ou do corpo para a alma. Na linguagem platônica diríamos: do sensível para o inteligível. Na era cósmica que se inicia com as façanhas da Astronáutica essa evolução se define em termos de ciência e tecnologia.
Quem não vê nesse esquema gigantesco e dinâmico o roteiro da evolução humana? De outro lado, rompemos os véus misteriosos de Ísis nas pesquisas da Física, em que a matéria nos revela as estruturas atômicas da realidade e aparentemente compacta e opaca, que se mostra fluída e transparente, e nas pesquisas psíquicas descobrimos que a nossa natureza não é concreta, mas abstrata, pois não somos corpos, mas espíritos.
A disciplina autoritária e rígida, teve a sua função na disciplinação dos povos bárbaros após a queda do Império Romano. Essa coerção prosseguiu pelos tempos sombrios do medievalismo. Mas a Era da Razão, que surgiu da noite medieval, reivindicou os direitos individuais do homem, na linha ateniense do esclarecimento cultural. O domínio natural da Igreja esgotou-se nos albores do Renascimento, mas o domínio artificial, fundado nos poderes políticos e econômico - financeiros da organização clerical estenderam-se aos tempos modernos e ainda se exerce, embora enfraquecido e estropiado, no mundo contemporâneo, em pleno alvorecer da era cósmica.
O problema da disciplina no Centro Espírita é dos mais melindrosos e deve ser encarado entre as coordenadas da ordem e da tolerância. Não se pode estabelecer e manter no Centro uma disciplina rígida, de tipo militar. O Centro é, além de tudo o que já vimos, um instrumento coordenador das atividades espirituais. No esquema das suas sessões teóricas e práticas a questão do horário é imperiosa, mas não deve sobrepor-se às exigências do amor fraterno.
Temperando-se as exigências da ordem cronológica com o dever da atenção aos companheiros, podemos evitar aborrecimentos perfeitamente superáveis. Claro que esse é um problema a ser sempre esclarecido nas reuniões, para que todos possam ter conhecimento da flexibilidade possível no horário. O simples fato de haver essa flexibilidade, já tira à disciplina o seu aspecto opressivo.
Essa mesma dosagem de ordem e tolerância deve ser aplicada a outros problemas, de maneira a assegurar-se, o mais possível, um ambiente geral sem prevenções, que muito ajudará na realização dos trabalhos. Uma palavra rude, embora não intencional, pode ferir susceptibilidades, prejudicando o equilíbrio por uma insignificância. Os dirigentes de trabalhos devem cuidar de evitar esses pequenos atritos que não raro têm conseqüências muito maiores do que se pensa.
Há pessoas que, por se sentirem mais fortes, decisivas e poderosas que as outras, embriagam-se com a ilusão do poder, desrespeitando os direitos alheios e sobrepondo-se, com rompança, às opiniões dos outros. Atitudes dessa natureza, no meio espírita e no Centro, causam má impressão e constrangimento no ambiente, fomentando malquerenças desnecessárias. Em se tratando de Espiritismo, tudo se deve fazer para manter-se um ambiente de compreensão e fraternidade, sem exageros, tocado o quanto possível de alegria e camaradagem. Num ambiente assim arejado, desprovido de tensões, a espiritualidade flui com facilidade e os Espíritos orientadores encontram mais oportunidades de tocar corações e iluminar as mentes.
Transcrito do livro "Tendências e Tendenciosidades" Cézar Braga Said capítulo IV
Para que se faça parte de um todo, não é necessário que se negue as próprias características pessoais. É tão errado exigirmos submissão, quanto sermos submissos, pois o que se deseja é uma aproximação fraternal para a troca de idéias e estabelecimento de princípios comuns que possam dar unidade às nossas práticas.
Unidade que não deve ser confundida com uniformidade, ou seja, todos fazendo, falando, pensando, agindo da mesma maneira. A isso se opõe a própria evolução, que nos dá um mesmo ponto de partida, simples e ignorantes, mas nos faz desiguais pelas experiências distintas que elegemos ao longo das reencarnações.
Comece-se a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito.
Transcrito do livro "O Centro Espírita" J. Herculano Pires capítulo VII
Por menor que seja, o Centro dispõe sempre de mais de um setor de atividades. Deve-se fazer o possível para que em todos eles reine um ambiente fraterno, que é o mais poderoso antídoto dos desentendimentos.
Mas a franqueza também é elemento importante na boa solução dos problemas.
A verdade deve estar presente em todos os momentos das atividades espirituais, mas a verdade nunca pode ser agressiva, sob pena de produzir o contrário do que se deseja.
A disciplina de um Centro Espírita é principalmente moral e espiritual, abrangendo todos os seus aspectos, mas tendo por constante e invariável a orientação e a pureza de intenções. Os que mais contribuem para o Centro são os que trabalham, freqüentam, estudam e procuram seguir um roteiro de fidelidade à Codificação Kardeciana. Muito estardalhaço, propaganda, agitação só pode prejudicar as atividades básicas e essenciais do Centro, humanitárias e espirituais, portanto recatadas e silenciosas.
Por isso a disciplina do Centro não pode ser a dos homens, mas a dos anjos que servem ao Senhor tatalando no Céu as asas simbólicas da Esperança. Deixemos de lado a disciplina exigente, para podermos manter no Centro a disciplina do amor e da tolerância. Não lidamos com soldados e guerreiros, mas com doentes da alma. Nossa disciplina não deve ser exógena, imposta de fora pela violência, mas a do coração. Tem de ser a disciplina endógena, que nasce da consciência lentamente esclarecida aos chamados de Deus em nossa acústica da alma.
Transcrito do livro "O Centro Espírita" J. Herculano Pires capítulo III
Mas temos de vigiar a nossa tolerância, para não cairmos no charco da hipocrisia, no fingimento de uma bondade que não possuímos. A regra de comportamento espírita deve ser a de Jesus: "mansos como as pombas, prudentes como as serpentes". O Centro Espírita guarda em seu seio as colheitas da Verdade e precisa defendê-las, mantê-las pura e viva, para com elas saciar a fome do mundo. Jesus imolou-se por essa colheita de sua própria semeadura, mas enquanto foi necessário defender a seara manteve atitudes viris contra os pregoeiros da mentira e da ilusão. Se deixarmos o Centro abandonado à fúria dos fariseus, eles o destruirão sem nenhum escrúpulo, sob rajadas de calúnias e perfídias. O Centro Espírita é a pequena e humilde fortaleza da verdade na terra da mentira. Tem a obrigação de lutar para que a verdade prevaleça em toda a sua dignidade.
Transcrito do livro: "Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas" Divaldo Pereira Franco 1.24
O Espiritismo é a nossa Escola, a nossa oficina, é nosso hospital, nosso santuário e também nosso lar. O lar da fraternidade universal, onde todos nos encontramos para demonstrar que é possível viver-se fraternalmente, sem estarmos a ferir-nos uns aos outros, e, quando isso acontecer, a tolerância virá em nosso socorro, a humanização virá para auxiliar-nos, a qualificação nos dirá que não temos mais o direito de permitir-nos erros, e a espiritização no alcançará à condição de verdadeiros espíritas, mínimas qualidades do Homem de Bem, precisamente definidas em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Transcrito da publicação: "Novos rumos para o Centro Espírita" palestra realizada por Divaldo Pereira Franco na Casa de Oração Bezerra de Menezes em 08/05/98.
Encontramos muitos companheiros cansados desse serviço e, por conseguinte, nervosos, desequilibrados, irritados, queixosos... Estão dando coisas, mas não estão dando o essencial, que é a paz, porque estão sem ela.
A Doutrina nos dá a paz necessária para promovermos a paz. Deveremos trabalhar no Serviço Social, mas não faltemos com a caridade espiritual para nós mesmos, nem para aqueles que freqüentam as nossas casas. Em tudo, o equilíbrio como diz o próprio Codificador.